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Fotografia de João Maria
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Relevo em bronze no pedestal do Gen. Carneiro, Lapa -PR. |
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Ao que me consta, ruina remanescente do Cerco da Lapa, durante a Revolução Federalista. |
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Parque do Monge existente em União da Vitória. |
Parte
III
A
gruta do monge – Lapa – PR.
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Lugar impressionante. Imensos paredões de arenito se ergem por todos os lados. Uma pequena passagem de acesso. |
Creio
que foi em 2007, exatamente há 7 anos passados, o amigo de meu filho Décio
Junior e acordo com este, resolveram levar minha esposa e eu fazer um passeio
na gruta do monge, município da Lapa, não longe daqui. Para ser sincero, até
aquele momento nunca ouvira falar desse lugar mas fiquei encantado. Passamos
algumas horas agradabilíssimas no alto do maciço rochoso, acessível por uma
estrada que sobe por uma das vertentes, onde isso é possível. A face voltada
para a área urbana é um penhasco abrupto. Bem no alto, existe uma área bastante
ampla, com instalações para piquenique, recreação e descanso. O por do sol,
dizem é belíssimo visto dali. Porém, já na época, o período de visitação
terminava ao se aproximar o escurecer, não sendo permitida a permanência no alto
durante o período noturno. Eu havia feito registro fotográfico de todo o
passeio e estava em meu computador. Porém mudanças de máquina, um acidente que
danificou um HD e sem back-up, parece que me fizeram perder as imagens.
O que
me faz lembrar desse passeio é o assunto que abordei nas duas partes
anteriores. Em toda documentação histórica relativa à Guerra do Contestado,
existe uma figura proeminente, sempre presente e citada. É o monge João Maria
Dagostini, também denominado São João Maria, por grande parte do povo de Santa
Catarina, especialmente na região envolvida no conflito. Em minhas pesquisas
sobre o assunto, estou lendo a Tese de Doutorado de Tania Welter pelo Instituto
de Antropologia da UFSC. Em suas pesquisas e nos textos introdutórios ela fez
referência à presença de João Maria numa gruta na Lapa – PR. Imediatamente me
liguei no fato. Eu visitei essa gruta, tirei fotografia em seu interior. É um
lugar magnífico e decidi pesquisar.
Há na
Tese citada a transcrição de um documento de ingresso no país, datado de 1844,
onde é registrada a entrada de João Maria, proveniente da Itália, num dos
portos do Brasil. Não lembro exatamente qual, mas isso é menos importante. No
site do Wikipedia, sobre a Gruta do Monge na Lapa – PR, encontrei indicação de
que essa gruta teria servido de abrigo ao mesmo indivíduo em 1847. Não resta
dúvida que foi ele, pois as fotografias encontradas, pinturas que remontam à
época de sua passagem pelos lugares onde é relatada sua presença, são as
mesmas. Parece mesmo que foi tirada do segundo monge João Maria de Jesus, mas
por todos reconhecida como sendo também do primeiro, devido a enorme semelhança
de traços fisionômicos e demais aspectos exteriores, bem como comportamentais.
Maiores
detalhes sobre a permanência na gruta eu procurei na internet, porém não
encontrei. Talvez seja preciso fazer uma pesquisa local, conversar com pessoas
nativas da região, famílias ali radicadas desde o século XIX para obter maiores
detalhes. O que não resta dúvida é sobre o fato de a mesma figura, de cuja
passagem há fortes sinais em toda região do território do Contestado, bem como
no interior do Estado do Rio Grande do Sul, chegando inclusive à fronteira com
Argentina e Uruguai. Seu desaparecimento ninguém sabe referir com exatidão. Há
quem situe esse acontecimento em 1875 e até 1908 ou mesmo 1930.
E
mesmo a imortalidade lhe é atribuída pelos mais convictos, indicando que
estaria vido até hoje, no alto de um morro bastante inóspito, tendo quase 200
anos de idade. Coisas do imaginário popular. O certo é que sua atividade
amistosa, pregando valores religiosos, cristãos, entremeados com algumas
superstições. Isso, numa época carente de representantes eclesiásticos nessas
regiões, era de extremo conforto para o povo simples, praticamente desprovido
de outros referenciais relativos à religiosidade. Embora seu nome tenha sido
muitas vezes associado à eclosão da Guerra do Contestado, depoimentos diversos
encontrados na Tese de Paulo Pinheiro Machado, negam terminantemente esse
envolvimento. É referido sempre como homem pacífico, não gostava de ajuntamentos,
seus lugares de pouso eram sempre arvores frondosas, próximo de fontes de água.
Estas são até hoje tidas como santificadas e usadas em diversas aplicações de
cunho religioso não oficial.
Ele
dava conselhos, indicava uso de plantas para obter alívio de males do corpo. Por
toda parte costumava deixar marcada sua passagem com a colocação de grandes
cruzes de cedro, símbolos de Deus, da religião. Os rebeldes se apropriaram
desses símbolos e, pelo menos no início, diziam lutar pela “Santa Religião”.
Veneravam São João Maria, Virgem Maria e São Sebastião, com seu exército
encantado.
A tese
de Tânia Welter é dedicada ao estudo da figura de João Maria e sua significação
na religiosidade difusa no âmbito popular, especialmente no Estado de Santa
Catarina. Ela denomina aqueles que conservam tradições, praticam rituais com
fundamentação na figura do monge, de “joaninos”. Relata várias práticas comuns
na região, das quais ela participou a convite, descrevendo em detalhes os
procedimentos. Para citar alguma coisa há a chamada “Reza dos 25”, feita no dia
25 de março, no interior de uma capela ou igreja, mas sem presença de
representantes do clero. É um ritual penitencial. Também os ternos de recomendação
ou encomendação das almas, especialmente no período da quaresma, com um misto
de intercessão pelo descanso dos falecidos, como pedir sua intercessão em
diversas circunstâncias da vida. Há inclusive uma passagem de um dos cantos que
guarda semelhança com outra encontrada nos cantos do Terno de Reis. Lembro pois
uma vez participei no tempo em que morava na cidade de Brasnorte – MT. Quem
levou os textos e melodias foi o hoje esposo de minha prima Roseli, Luciano
Brixner.
Vou
colocar aqui na seguência, algumas imagens encontradas na internet, pois me
lembram perfeitamente o dia que passei no morro e percorri suas trilhas,
bastante íngremes e estreitas em muitos lugares. Uma imensa escadaria para
alcançar o nível em que se localiza a gruta, diversos oratórios instalados em
pontos apropriados.
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Mirante no alto do morro. Ao longe cidade da Lapa. |
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Parapentistas saltando do alto do morro. Assisti o voo e pouso de vários na ocasião em que estive aí. |
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Trecho final da escada de acesso à trilha do monge. Caminhei por aqui. |
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Escada vista de baixo. São intermináveis degraus a vencer, especialmente na hora de subir. |
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Alto relevo do busto de João Maria. |
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Trecho íngreme e estreito da trilha. |
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Oratório na área da gruta. Estive nesse lugar. Sinais de devoção e fé em toda parte. |
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Parte mais ampla da trilha. |
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Ponto de passagem estreita, protegido por barras de ferro. Pessoas com deficiência tem dificuldade em passar. |
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Trilha passando rente ao paredão rochoso. |
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Outro oratório.
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