quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cálculo Mental - Falando de Cálculo Mental!



Falando de cálculo mental!


        Em decorrência do assunto que anda me ocupando os pensamentos e dá título a esse texto, lembrei de uma declaração dada em certa época do passado e que eu li em uma revista. O declarante era um psicólogo e dizia que, na sua opinião, o primeiro presente que deveria ser dado a um recém nascido, era uma calculadora eletrônica. Afirmava ele que fazer cálculos era uma forma de suplício, tortura do cérebro de qualquer pessoa.
        Analisando as palavras do ilustre profissional, cheguei à conclusão de que ele deveria desconhecer completamente os mecanismos de aprendizagem e desenvolvimento intelectual de um ser humano. Nascemos providos de algumas ferramentas herdadas geneticamente, não na diferenciação do DNA, mas numa certa memória que nos levam a fazer instintivamente algumas coisas, das quais depende nossa sobrevivência. Isso faz parte também dos demais seres vivos. Quem teve oportunidade de observar uma mãe animal, gata, cadela, porca ou outro animal qualquer parir seus filhotes, deve ter observado que, a primeira coisa que eles procuram é encontrar as tetas da mãe e começar a mamar. Por que isso? A natureza lhes deu esse instinto, essa herança. Sem isso eles ficarão fracos e terão grande chance de não resistir às agressões do mundo que terão que enfrentar.
        Já as demais habilidades que temos aptidão para adquirir, dependem de exercícios. Pouco importa que sejam aptidões físicas ou intelectuais. Ninguém consegue saltar 7,0 ou 8,0 de distância na primeira tentativa. São muitas horas de treinos, fortalecimento muscular, técnicas de corrida, impulsão e formas de saltar que levam alguém a ser campeão. Isso se aplica a todas as aptidões. As intelectuais não são diferentes. A falta de exercício, impede o desenvolvimento. Quando alguém sofre um acidente, sendo obrigado a permanecer por um longo período de cama, engessado, imobilizado, no dia em que se livra desses obstáculos, não consegue levantar e sair caminhando normalmente. Vai precisar passar por um período de adaptação, preferencialmente algumas sessões de fisioterapia para readquirir a desenvoltura anterior. Vivi isso em minha vida, quando operei o ombro direito para reconstituir o ligamento do tendão denominado manguito rotador. Ao tirar o braço na tipoia, não conseguia erguer a mão nem a altura do rosto sem ajuda. Em menos de dois meses não sentia mais nada. Meu ombro e braço estavam normais.
        Talvez o psicólogo citado no início tenha sofrido algum trauma nos seus anos de escola e com isso ficado tão obcecado com a libertação das “torturas” representadas pelos cálculos matemáticos. Ao longo da vida, tenho visto situações em que, para fazer (2 + 3) e encontrar que é 5, a pessoa ter todo o trabalho de retirar uma calculadora do bolso ou da pasta, ligar e digitar para ter a resposta. Concordo que em situações de transações comerciais, deve-se usar as máquinas, até mesmo para ter o registro em fita das operações, para eventuais conferências posteriores. Porém vivenciei situações em que fui pagar dois ou três artigos de valores pequenos ou mesmo um pouco maiores. Antes que o caixa tivesse tempo de digitar o segundo valor eu já sabia a resposta, pois fizera a soma mentalmente. Não venham me dizer que sou “gênio”, alguém excepcional. Sou absolutamente normal. Apenas sempre fiz uma coisa. Sempre me recusei a ficar escravo de uma máquina, quando tinha capacidade de alcançar a resposta por mim mesmo e em muito menos tempo.
        Será que existe idade para desenvolver essas habilidades? Provavelmente se começarmos crianças, jovens, alcançaremos um grau de agilidade mental incrivelmente alto. Mas posso afirmar que, em qualquer idade, é possível melhorar, e muito, nossa habilidade. Basta começar devagar. Não podemos querer começar fazendo altas operações, porque iremos nos decepcionar e logicamente desistir com a desculpa de que não estamos mais em idade de fazer isso, nossa memória não é mais tão boa, ou outras desculpas diversas. Assim como o exercício físico melhora as condições dos idosos, aliviando as dores e as dificuldades dos movimentos, também o exercício da memória aumenta a capacidade de retenção, a agilidade de raciocínio. Quer se proteger contra a degeneração do cérebro, perda de memória e outros males, comece a exercitar seus neurônios. Eles irão lhe responder positivamente e agradecer o favor que estará fazendo a eles. Até mesmo pessoas acometidas do mal de Alzheimer, melhoram suas condições com a realização de exercícios. Essa atividade provoca a formação de novas sinapses e mesmo estimula a regeneração neuronal.
        Não sou especialista em neurologia, nem em teorias psíquicas, nada disso. Atuei em sala de aula por mais de trinta anos, fui estudante antes disso e aprendi muito cedo que, quanto mais exercitamos nossa mente, melhor ela funciona. E se conserva intacta por muito mais tempo. Não precisamos ter medo de que o cérebro gasta. As únicas causas de degradação do nosso cérebro são má circulação, lesões acidentais, tumores, doenças degenerativas, quando partes das células são danificadas. Nossa memória é formada mesmo contra nossa vontade. Isso eu li nos livros de Augusto Cury, psicólogo, pesquisador da mente humana, autor de livros diversos na área, criador de uma teoria sobre as diferentes formas de Inteligência. Não nascemos providos de um botão, ou tecla “delete”, como têm nossos computadores e outros equipamentos elétricos.
        Vamos ver algumas situações práticas elementares para você começar a exercitar sua mente. Se já tem alguma habilidade, aumente a dificuldade e treine. Se fizer isso irá se surpreender com o resultado. Falando em prática, tente responder, apenas usando sua mente, a memória para realizar as operações que vou propor:
    a) 19 + 15  =  ........      b) 24 + 17 = ............   c) 37 + 19 = ...........
    d) 41 + 16  = .........      e) 13 x 9 = ..............    f) 54 – 19  = ..........
    g) 17 + 24  = .........      h) 15 + 19 = ............    i) 75 – 27  = ..........
        Esses exemplos podem dar uma ideia do que fazer e você mesmo pode criar a partir daí quantos exercícios quiser. Basta pegar dois números ou mais, fazer a soma, a subtração. Se quiser confirmar, pode ter ao lado uma calculadora e conferir para criar mais confiança, não para se viciar na calculadora. Embora a calculadora pareça mais fácil de usar, ela apresenta os inconvenientes. Você pode não estar com ela à mão, pode ter acabado a pilha ou bateria, pode ocorrer de apertar a tecla errada e não perceber, consequentemente ela não vai te dar a resposta ou ela estará errada. Você poderá confiar nela mais do que no seu cérebro. Isso pode ter sérias consequências. Não ter nem ideia do resultado, fará você confiar na máquina e o resultado estar errado. Dependendo da situação, isso pode dar até um bom prejuízo.
        Agora que você já leu esse novo trecho, vejamos como se pode fazer as operações que propus acima.
a)   19 + 15  há várias maneiras de obter o resultado. Você pode fazer a soma mentalmente das unidades e dezenas. Somando os resultados, terá a resposta. Assim 9 + 5 = 14   e 10 + 10 = 20 , o que resulta, 34.
Por outro lado vamos lembrar que 19 é 20 – 1. E 20 + 15 = 35. Se tirar 1 de 35, também teremos 34. Percebeu?
b)   54 – 19 = ........ Que tal fazermos 54 – 20 = 34. Como diminuímos 1 a mais, vamos somar esse mesmo 1 ao 34 e teremos a resposta 35. Também podemos fazer mentalmente o processo que fazemos ao colocar no papel o 19 sob o 54 e recorrer ao tal do “empresta 1”. Iríamos fazer 14 – 9 = 5. O 5 que emprestou 1 ao 4, passaria a ser 4 e subtraindo 1, fica 3. Juntando os dois resultados formaremos o 35. Note que esse procedimento, embora correto, é mais demorado e existe mais risco de errar. Mesmo assim cabe a você eleger o modo que mais lhe agrada ou melhor se adapta.
c)   13 x 9 = ...
Separando o 13 em suas unidades e dezenas teremos 10x9 = 90 e 3x9 =27. A soma dos dois resultados irá nos dar a resposta 117. Uma outra forma seria fazer 13 x 10 = 130 e daí subtrair 13, encontrando o mesmo 117. Por que isso? Nós multiplicamos por 10 em lugar de 9. As “manhas” ou macetes para fazer essas operações mentalmente, são muitas. Cada um se adapta melhor com umas que outras. Cabe a escolha e o treino.
Assim como as manhas são muitas, a quantidade de exercícios é infinita. Crie à vontade, monte suas continhas. Isso pode ser feito até enquanto está andando de ônibus, de carro, bicicleta, caminhando, correndo ou sentado esperando por alguma coisa ou alguém.
        Durante minha vida, houve muitas ocasiões em que, especialmente ao preencher ficha cadastral em alguma loja, ao informar a profissão, logo vinha a pergunta: ê
        - Professor do quê?
        Ao dar a resposta vinha, com raras exceções, uma expressão de pavor, seguida da tradução verbal do sentimento:
        - Eu não entendo matemática. Eu não entendo física, queria saber quem foi que inventou essa coisa. Como é que consegue gostar disso?
        Via de regra eu procurava mostrar que o “bicho” é menos feio ou brabo do que é pintado. Em geral quando o aluno se defronta com os conteúdos um pouco mais avançados, ele já traz informações negativas ouvidas de irmãos mais velhos, vizinhos, amigos, tios e tal. Vem com uma ideia pré-concebida de que são coisas difíceis e quase impossíveis de entender. É preciso uma capacidade especial para dominar esses conteúdos, o que não é o caso de maneira alguma. Há sim, quem tenha maior facilidade de dominar essa ou aquela disciplina, mas todos possuem aptidão, salvo os deficientes mentais, que lhes permite alcançar um desempenho satisfatório. Não temos necessidade de sermos todos experts, mas precisamos saber ao menos o suficiente para entender coisas simples da vida moderna.

        Se você quer trocar ideias comigo sobre esse assunto, procure no facebook o grupo Apreciadores de cálculo mental e faça parte. Não tenha receio de perguntar. Não vou achar nenhuma pergunta absurda ou ridícula. O objetivo é ajudar. Colocar, o que a vida me ensinou, à disposição de todos. Na pior das hipóteses poderemos trocar mensagens interessantes. Lá também vai encontrar outras postagens que fiz sobre o assunto. 

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